terça-feira, 1 de março de 2011

Florêncio José Munhoz (neto)


CRONOLOGIA

1857- Nascimento no final desse ano, pois seu batismo ocorreu em 24.02.1858 “com dois meses de idade” na igreja matriz de Curitiba. Foram seus padrinhos Manoel Antônio Guimarães (futuro Visconde de Nácar) e a 2ª. esposa deste, Rosa Corrêa Guimarães p/p Maria Cândida Ferreira de Abreu, sendo o padre celebrante, Agostinho Machado Lima (1)

1872 - Conclusão de estudos em Curitiba, como se infere de matéria publicada no “Dezenove de Dezembro”, doravante DD (2). O jornal publica relação dos alunos que obtiveram “aprovação plena” nos exames realizados no dia 30 de novembro,

na escola da 1ª. cadeira do sexo masculino desta capital, sob a presidência do Sr. inspetor paroquial, sendo examinadores os Srs. tenente-coronel João Manuel da Cunha, reverendo Antonio Vicente da Cruz e o respectivo professor.

Dentre os alunos aprovados constam os nomes de Florêncio José Munhoz e José Caetano Munhoz. Florêncio tinha então 15 anos. Seu irmão José Caetano era dois anos mais novo.

... - Ida para o Seminário Episcopal de São Paulo

1877- Seminarista em S. Paulo, conforme esta nota, publicada no DD de 9 de maio de 1877- p. 4:

CHEGADA- Chegou a esta capital, vindo de S.Paulo onde se achava concluindo os preparatórios, o Sr. Alberto José Gonçalves, filho do negociante desta praça Francisco José Gonçalves. Tivemos ocasião de ler os atestados que esse nosso patrício trouxe do seminário, os quais são presságio de auspicioso futuro.Chegaram também os Srs. Antonio Carlos Ribeiro e Florêncio José Munhós, estudantes do mesmo seminário.

Como se verá abaixo, em 1883, Florêncio, na Semana Santa, “guardou o Senhor morto” juntamente com esse seu colega do Seminário, Antônio Carlos Ribeiro de Andrade, demonstrando que, apesar de não terem seguido a carreira eclesiástica, continuaram religiosos.
1880- Em 30 de abril é nomeado “praticante” da Tesouraria de Fazenda da província do Paraná (3), sendo dirigente (“inspetor”) da Tesouraria seu irmão mais velho, Alfredo Caetano Munhoz (4)
1881- Em 26 de fevereiro o praticante Florêncio José Munhoz é nomeado pelo presidente da província (João José Pedrosa) para exercer provisoriamente o lugar de 2º escriturário da Tesouraria de Fazenda (5). Anteriormente, em 11 de fevereiro, o presidente nomeara os seguintes examinadores para avaliar, nas disciplinas abaixo, os pretendentes às duas vagas de 2º escriturário existentes naquela Tesouraria: I) aritmética e sistema métrico- Eng. Gottlib Wieland; II) álgebra- Dr. Francisco Antônio Monteiro Tourinho; III) escrituração mercantil- Cap. Joaquim Lourenço de Sá Ribas; IV) geografia e história do Brasil- Dr. Constante Affonso Coelho; V) inglês- Dr. Francisco de Camargo Pinto; VI) francês- Dr. José Joaquim Franco Valle; VII) prática do serviço da repartição- 1º Escriturário Antônio Ferreira da Costa (6). Florêncio José Munhoz, aprovado nesses exames, seria nomeado “por título” 2º escriturário da Tesouraria de Fazenda (7).

-No começo de 1881 Florêncio José Munhoz encaminha pedido ao Juiz Municipal para ser alistado eleitor (8); no final de junho, o DD publica o edital do Dr. Agostinho Ermelino de Leão, juiz de direito da comarca da capital, com a relação dos incluídos no alistamento eleitoral da paróquia de Curitiba (9). Florêncio é um deles, pertencente ao 11º quarteirão, 1º distrito do município de Curitiba; em outubro, na relação de nomes publicada pelo jornal, Florêncio consta entre os eleitores que votarão “perante a mesa da 1ª. secção que funcionará na igreja da Ordem Terceira” (10). O processo eleitoral em andamento era para a escolha de deputados à Assembléia Geral Legislativa (ou Câmara de Deputados) pois já no começo de novembro o DD publica resultados eleitorais parciais relativos aos candidatos a tais cargos (11). Por outro lado, a eleição dos membros da Assembléia Provincial para o biênio 1882-1883 seria realizada 90 dias após a dos deputados à Assembléia Geral, tendo sido fixada tal eleição, pelo Presidente da Província, para 30 de janeiro de 1882, conforme informa o DD (12). Os dois deputados escolhidos nessa ocasião para representar o Paraná na Assembléia Geral, no Rio de Janeiro (na corte, como se dizia), foram Generoso Marques dos Santos e Manoel Alves de Araújo (13)

-Florêncio integra, como 2º secretário, a diretoria, para o segundo semestre desse ano de 1881, da recém-formada sociedade “Cavalheiros do Luar” (14). A sociedade é recente pois um sócio publicara há pouco uma pequena nota no jornal perguntando quando essa sociedade daria a “3ª. partida” (15). O presidente da sociedade é o tenente Benedito Pereira da Silva Carrão, o 1º secretário, o alferes Miguel Schleder e o orador, Manoel de Souza Dias Negrão, cunhado de Florêncio (casado com sua irmã Augusta). Havia ainda um tesoureiro, além de um Conselho Econômico e uma Junta Consultiva. Nos dias 6, 9 e 27 de julho o jornal publica convites para os sócios participarem de reuniões nos dias subseqüentes. No último deles a sociedade é identificada como “S.L.R Cavalheiros do Luar” (16). Pelo DD de 3 de agosto (17), ficamos sabendo o significado de todas as letras pela carta, procedente de Barbacena, do Dr. Abílio César Borges (o conhecido educador, retratado caricaturalmente em “O Ateneu” de Raul Pompéia) dirigida à entidade, em que ele louva a idéia da criação da sociedade literária recreativa Cavalheiros do Luar e lhe oferta 500 exemplares de sua obras. Uma semana depois, pelo jornal (18), a S.L.R. Cavalheiros do Luar comunica “aos sócios e convidados que a 4ª. partida terá lugar sábado, 13 do corrente, no salão Lindemann, à rua de S.Francisco”. E conclui assim o aviso: “Pede-se toda abstenção de luxo.” Logo depois o DD informava que na segunda-feira, dia 15, no salão Lindemann teria lugar “o último concerto vocal e instrumental dado pelo artista lírico Scolari Giovani, coadjuvado por algumas senhoras e cavalheiros amadores” (19). No ano seguinte, o mesmo salão receberia a Companhia Dramática Julieta dos Santos, que levou à cena ali o poema “O Melro” de Guerra Junqueira, além de um drama e uma comédia. O jornal (20) que traz matéria sobre essas apresentações, ocorridas em 29 de outubro de 1882, um domingo, salientaria o “magistral desempenho dado pela atrizinha Julieta dos Santos ao idílio- O Melro”. Foi a essa Companhia que o nosso maior poeta simbolista, Cruz e Souza, quando jovem (com vinte e poucos anos), se integrou, na condição de ponto, percorrendo todo o Brasil, de norte a sul. Dada a sua grande admiração pela atriz-menina, chegou a publicar um folheto intitulado “Julieta dos Santos”, em colaboração com Virgílio Várzea e Santos Lostada, composto só de poemas.

1882- Foi nesse ano, provavelmente (pois a primeira filha do casal nasceu em 1883), que ocorreu o casamento de Florêncio José Munhoz com Julieta Soares Gomes, filha do comerciante português Manoel Soares Gomes (1829-1891) e de D. Rita Adelaide Coutinho (1838-1911). Segundo a tradição familiar, como Julieta não tinha o consentimento de seus pais (ou apenas da mãe, D.Rita) e Florêncio (cujos pais já haviam falecido) tinha o apoio de alguém da família Munhoz, ambos “fugiram para casar”, ou casaram às escondidas. É interessante salientar, para confirmar essa informação, que ao longo de todo o ano de 1882, ou do ano anterior, ou posterior, não há qualquer registro, nas notas sociais do “Dezenove de Dezembro”, ao enlace desses filhos de duas famílias tradicionais da cidade, o que seria de se esperar, caso o casamento fosse realizado seguindo todo o convencionalismo da época...

-Florêncio é nomeado “alferes” da 1ª. Companhia do 1º Batalhão de Reserva da Comarca da Capital da Guarda Nacional (21) (no Expediente da Presidência de 23 de fevereiro de 1882, publicado no jornal (22), consta o ato do conselheiro Jesuíno Marcondes-- vice-presidente da província em exercício --, aprovando a sua nomeação para a Guarda Nacional). Florêncio pagou 40$000 de selo ao Governo Geral, acrescidos dos “emolumentos provinciais” pela patente de alferes, segundo se depreende desta nota publicada no jornal:

Patentes da guarda nacional—A tesouraria de fazenda expediu circular às estações de arrecadação explicando que o selo das patentes de oficiais da guarda nacional passadas pela presidência da província (alferes, tenente e capitão) é o do regulamento de 9 de abril de 1879, elevado ao dobro em virtude da lei nº 2940 de 31 de outubro de 1879, visto estarem também sujeitas a emolumentos provinciais. Assim, essas patentes pagam 40$000 de selo e não 70$ como algumas das ditas estações têm entendido (23)

Em 1884, o DD de 5 de julho, p. 3-4, publicará relação de nomes sob o título “Qualificação de guardas nacionais para o serviço ativo”. Dentre aqueles do “Quarteirão da cidade” são citados Florêncio José Munhoz e Edmundo Soares Gomes (irmão de sua esposa?).

-No DD de 7 de junho de 1882 consta edital da Tesouraria de Fazenda do Paraná assinado pelo 2º escriturário Florêncio José Munhoz. Em 1884, 1885 e a partir de 1887, ele assinará também outros editais da Tesouraria publicados no jornal, nessa mesma condição (24).

-Florêncio José Munhoz é um dos jurados da cidade de Curitiba convocados para a sessão do júri em 1882, conforme edital do juiz municipal comendador Antonio Martins Franco. Também são convocados cidadãos da vila do Arraial Queimado (atual Bocaiúva do Sul), da vila de Votuverava (atual Rio Branco do Sul), da freguesia do Serro Azul e de Campina Grande, num total de 48 (25). FJM também foi incluído na lista de jurados qualificados para servirem em 1883 (26). Em 1885 seu nome consta na relação dos 48 jurados sorteados para a próxima sessão do júri, conforme edital do juiz municipal “da cidade de Curitiba e seu termo”, o qual abrangia, além dessa cidade, Pacutuba (atual Almirante Tamandaré), Freguesia da Campina Grande, Arraial Queimado, Votuverava, Assungui de Cima e Vila do Assungui (atual Cerro Azul) (27). Ele também será jurado nos anos de 1886 (28), 1887 (29) e 1889 (30).

1883- No DD de 17 de março desse ano, p. 4, consta nota da Irmandade do SS. Sacramento contendo a “Relação dos respectivos irmãos que têm de fazer a guarda do Senhor”, indicados aos pares, de duas em duas horas, desde o meio-dia da quinta-feira santa até as 12 horas da noite da sexta-feira. Na quinta-feira, das 12 às 2 horas da manhã, farão a guarda Florêncio José Munhoz e Antônio Carlos Ribeiro de Andrade; das 2 às 4 horas da manhã, Alfredo Caetano Munhoz e Manoel de Souza Dias Negrão (cunhado de Alfredo). Outros nomes citados nessa relação: Dr. José Lourenço de Sá Ribas, Dr. Generoso Marques dos Santos, ten-cel Benedito Enéas de Paula, Dr. Agostinho Ermelino de Leão, Dr. Joaquim de Almeida Faria Sobrinho etc. No ano seguinte, conforme informa o DD (31), FJM voltou a fazer essa “guarda ao Senhor morto” juntamente com o mesmo irmão da Irmandade do SS. Sacramento, o que também ocorreu com Alfredo Caetano e seu cunhado. Dentre os demais pares referidos, consta o do major Mathias Taborda Ribas (tio de Florêncio, casado com Balbina Lúcia, irmã de seu pai) e o ten-cel Manoel José da Cunha Bittencourt.

-Em 28 de julho é inaugurada uma ponte sobre o rio Belém no Boulevard 2 de Julho, construída, mediante contrato com a Câmara Municipal de Curitiba, por Francisco Fasce Fontana (32); na edição do DD de 8 de agosto consta a ata da sessão de 25 de maio da Câmara que aprovou a denominação de “Boulevard 2 de Julho” (atual Av. João Gualberto) para “a antiga rua onde existem as chácaras do Sr. Dr. Ermelino (de Leão, acrescento eu- DVE) e Fontana, e onde se acha em construção a nova ponte sobre o rio Belém”; a chácara de Fontana era anteriormente do pai de FJM, e certamente por isso Florêncio estava presente à cerimônia de sua inauguração e é um dos que assinam o “Auto da benção e inauguração da ponte”. A lista de nomes é encabeçada pelas autoridades ali presentes-- vice-presidente da província Com. Antônio Alves de Araújo, presidente da Câmara Dr. Trajano Reis, vereadores etc. Aliás, dentre os vereadores, cujo mandato abrangia o período 1883-1887, incluía-se Mathias Taborda Ribas. Também assinam o “Auto” os representantes dos jornais “Província do Paraná” e “Dezenove de Dezembro” (33).

-O DD de 12 de setembro de 1883, p.2, refere-se de forma elogiosa aos espetáculos teatrais promovidos pelas sociedades Grupo de Amadores e Julieta dos Santos. Na p.3 o jornal informa a composição da nova diretoria (eleita) da Sociedade Julieta dos Santos. Florêncio José Munhoz figura aí como vice-presidente. O presidente é João Bernardino Carneiro, o 1º secretário José Craveiro de Sá, o 2º secretário Firmino Castello Branco, o tesoureiro Horácio F. dos Reis e o procurador Maximiano José Martins. Logo abaixo, na mesma página, consta matéria elogiosa sobre os dois espetáculos (um drama e uma comédia) dados por essa sociedade, nos dias 7 e 8 de setembro. João Carneiro e Horácio Fagundes, membros como vimos da diretoria, são dois dos seis atores que participaram das encenações. É possível que FJM também fizesse teatro (tinha então 25 anos). Afirma a matéria do DD:

/.../ É bem difícil uma mocidade ainda noviça no manejo da arte de Thalia se mostrar vigorosa nesses arrobos (sic) que, pela fantasia, nos deixa ver a realidade dos atos da existência humana. Parabéns a esses belos moços que se mostram corajosos de querer firmar o espírito social, implantando a verdadeira emulação na sociedade presente e futura.

O nome dado à sociedade por esses amantes do teatro mostra bem como havia impressionado o meio local as apresentações anteriores da atrizinha Julieta dos Santos. Aproximadamente um mês mais tarde, o DD (34) publica esta nota, relativa a novas apresentações da sociedade:

Espetáculo- A sociedade dramática particular Julieta dos Santos levou à cena, no dia 7 do corrente, o drama José, a cena cômica O sacristão de S. Nunes e a comédia Os dois criados felizes, destinando o seu produto à compra de paramentos para a igreja matriz. Foi bastante concorrido.

-Em dezembro desse ano, o DD (35) publica convite para a missa que FJM e seu irmão Alfredo mandaram celebrar na igreja matriz de Curitiba pela alma de seu amigo Antônio Correia da Costa, falecido em Cuiabá. Tratava-se provavelmente de um colega fazendário, lotado na Tesouraria de Fazenda de Mato Grosso, da qual aliás Alfredo foi inspetor em 1878-9, segundo Francisco Negrão (36).

1884- FJM com a esposa D.Julieta, assim como seu irmão Alfredo (dirigente local da Tesouraria de Fazenda), esposa (D.Rita de Assis de Oliveira Munhoz) e filha, Srta. Francisca Munhoz, participam de uma grande festa da elite curitibana, objeto de duas extensas matérias numa mesma edição do DD (37). A festa -- uma “soirée travestie” como a chama o cronista, em seu texto recheado de expressões em francês -- realizou-se no dia 23 de junho na residência do coronel Carlos Vieira da Costa e de sua esposa Mme. Zelie Costa, “diretora do colégio de Santa Tereza” (o pai de Zelie, professor Christovão Vieira de Freitas, também está presente; ele é mencionado como “o infatigável sacerdote da educação secundária no Brasil”). O “baile à fantasia” realizou-se nos amplos salões da residência do casal e ali “um grupo adorável de rostos alegres e felizes /.../ voava nas asas douradas das valsas, das polcas, dos lanceiros, das quadrilhas e das mazurcas”. Assentada ao piano estava D. Presciliana Costa, “a quem muito deve esta cidade pela aclimação de uma escola estética de canto”. Junto dela, duas alunas, Elvira Costa, contralto, e Rosa Fonseca, soprano, executaram, na ocasião apropriada, um dueto da “Fosca” de Carlos Gomes, seguida mais tarde de outro dueto, de “Il Guarani” (é possível que Julieta, a esposa de FJM, que estudou canto lírico, conforme a tradição familiar, também tivesse sido aluna de D. Presciliana Costa). O cronista descreve em detalhe as “toilettes” e fantasias das convidadas, uma a uma. Estes os comentários que faz aos membros da família Munhoz:

-Mme. Julieta Munhoz. A bela Filha da Hungria: robe satin bleu ciel à manchettes blanches. Dentelles d’Angleterre. Bouquet de roses dr. Enault no colo. Uma esplêndida capa guarnecida de pelúcia. Na cabeça, um gorro branco com plumas. Colar de pérolas ao pescoço e um elegante éventail de penas. Éblouissante e edênica.
-Mme. Munhoz: robe satin bleu mer. Simpática, amável e spirituelle.
-Mlle. Francisca Munhoz. A Italiana.: robe rouge bordado a ouro. Corpete verde. Na cabeça, um lenço escarlate. Angélique et splendide.

Dentre as fantasias adotadas pelas senhoras e senhoritas, são mencionadas: a Folia, a Noite, a Gondoleira, a Italiana, a Húngara, a Feiticeira Cartomante, Joana d’Arc, o Telégrafo, a Costureira, a Justiça, a Jurisprudência e a Camponesa. Dentre os cavalheiros, havia a presença de um Napoleão I, um rei Luis XIV e de o Espanhol. Além dos já mencionados, estavam presentes o comendador Ildefonso Correa, o chefe de polícia Dr. Walfrido, Jesuíno Lopes (diretor do “Dezenove de Dezembro”), Dr. Westphalen, coronel Assumpção etc. A festa, que teve um buffet caracterizado “pela diversidade de bebidas e por infinita qualidade de doces”, prolongou-se até às 4 horas da manhã. O anfitrião, Carlos Vieira da Costa, assina edital da secretaria da Delegacia da Inspetoria Geral da Instrução Pública da Corte na província do Paraná publicado no DD do começo de julho (38). Esse edital divulga relação dos inscritos para os exames a serem realizados proximamente. Francisca Cândida Munhoz, filha de Alfredo, está inscrita em Português. Francês e Geografia, nas quais seria “aprovada plenamente com distinção” (ela prestou esses exames “perante a delegacia da instrução primária e secundária” da corte) (39). Francisca era aluna do “acreditado” colégio Santa Tereza, dirigido por D. Zelie Costa, esposa de Carlos Vieira da Costa (40).

-A edição do DD de 9 de dezembro de 1884, p. 4, traz matéria sobre a soirée realizada no dia 7 “ofertada” pelo Cel. Vieira da Costa ao “estado-maior de S.A. o Sr. Conde d’Eu”, então em visita ao Paraná (ele e a princesa Isabel inaugurariam a estrada- de- ferro Curitiba-Paranaguá). Compareceram oficiais do 3º Regimento de Artilharia e 2º Corpo de Cavalaria com suas famílias, “bem como grande número de damas e cavalheiros de nossa mais escolhida sociedade”. /.../ “A soirée, de acordo com o gosto moderno, constou alternadamente de dança, música e canto”. A Sra. Tamplin, “conhecida professora de música”, fez-se ouvir ao piano, enquanto outras senhoras “cantaram trechos de diversas óperas”, conforme programação aí transcrita, que incluiu “Amore, valsa para canto, por Julieta Munhós”. Além das já citadas, a nota menciona as senhoras Elvira Costa, Rosa Fonseca, Graça Fonseca, Francisca Menezes, Zelie Costa e Júlia Godoy.
(A propósito, Elvira Costa participou de reunião do Club Abolicionista Paranaense, onde levantou um protesto contra a escravidão, conforme noticiou o DD de 27 de janeiro de 1885-p.2).

-O DD de 16 de julho de 1884- p.3 informa que, do nosso litoral, “saiu para o norte” o paquete “Rio Paraná” levando, dentre outros, os passageiros Bernardo Soares Jr, Arthur Soares, Julieta Soares e Alexandre Soares; por outro lado, o DD de 29 de julho, p.3, noticia que tal paquete “entrou do norte” trazendo Bernardo Soares Jr e o cadete Narciso do Carmo Munhoz, meio-irmão de Florêncio).

-Florêncio Munhoz e Manoel Soares Gomes (seu sogro) constam na relação das pessoas publicadas no DD (41) que participaram da subscrição “para a festa da semana santa que teve lugar no corrente ano” (de 1884) (Florêncio contribuiu com 2 e Manoel com 5 mil-réis)

-Edital do juiz de paz da paróquia de N. Sra. da Luz e presidente da junta paroquial da capital arrola os cidadãos que se acham em condições para o serviço do exército e armada, conforme o decreto nº 5.881, de 27 de fevereiro de 1875; Florêncio José Munhoz é um dos citados no edital, que é publicado no DD (42)

-O DD de 1º de dezembro de 1884, p. 1, publicou o Expediente da Presidência do dia 19 de novembro, em que consta este despacho:

Ao inspetor da tesouraria de fazenda—Declaro a v.s., em resposta ao seu ofício de hoje, que, não achando atendível o pedido feito pelo 2º escriturário dessa repartição Florencio José Munhós, fica-lhe marcado o prazo de 24 horas, sob as penas da lei, a fim de seguir ao seu destino.

“Seguir ao seu destino” significava no caso deslocar-se imediatamente para o Rio de Janeiro e lá apresentar-se, suponho, na sede do Ministério da Fazenda. O presidente da província Brasílio Machado, do partido Liberal, o teria colocado à disposição de seus superiores naquele Ministério, numa época em que o gabinete era liberal. Qual o motivo dessa determinação repentina? A decisão de Brasílio seria em represália ao posicionamento político de Florêncio, contrário ao seu candidato, na campanha para a eleição de deputado pela província do Paraná na Assembléia Geral que então se realizava. Assim, ele estaria sendo vítima de perseguição política, de acordo com as declarações do deputado Manoel Eufrásio Correia transcritas na sequência. Como se vê pelo despacho acima, o Presidente indefere o pedido de Florêncio (encaminhado via ofício do inspetor Alfredo Munhoz) para que ele reconsiderasse a sua decisão.
Logo abaixo consta naquele mesmo Expediente dois outros despachos, em que o presidente Brasílio busca viabilizar a sua decisão. No primeiro, ele manda o “agente de vapores em Antonina” dar passagem a Florêncio “em um dos vapores dessa companhia”, “por conta do ministério da fazenda, até à corte”. O segundo despacho, dirigido ao “empresário das diligências para o litoral”, manda-o dar passagem a Florêncio “na diligência que seguir amanhã para Antonina”, assegurando assim ao 2º escriturário o serviço de transporte requerido para todo o trajeto Curitiba-Antonina-Rio de Janeiro.
Como Florêncio não segue para o Rio de Janeiro, sofre as conseqüências dessa desobediência. No Expediente da Presidência de 21 de novembro, publicado no DD (43), consta este despacho:

O presidente da província, usando das atribuições que lhe confere a lei, resolve suspender do exercício do cargo e mandar responsabilizar pelo crime previsto no art. 154 do código criminal o 2º escriturário da tesouraria geral desta província Florencio José Munhós.

Florêncio fica assim suspenso da Tesouraria de Fazenda a partir dessa data. Um mês mais tarde, ainda em 1844, o DD (44) publica no Expediente da Presidência de 23 de dezembro outro despacho do presidente Brasílio, encaminhando o assunto para o Poder Judiciário, visando responsabilizar Florêncio criminalmente:

Ao Dr. juiz de direito da comarca da capital—Tendo resolvido mandar responsabilizar o 2º escriturário da tesouraria de fazenda desta província Florencio José Munhós, remeto a v.s. os respectivos documentos, em número de dez, para que torne efetiva aquela responsabilidade criminal.

Na consulta que fiz ao “Código Criminal do Império do Brasil” (45), verifiquei que o art. 154 está contido no “Título V- Dos crimes contra a boa ordem e administração pública”, “Capítulo I- Prevaricações, abusos e omissões dos empregados públicos”, “Secção VI- Falta de exação no cumprimento dos deveres”. Diz o seguinte, esse artigo:

Art. 154- Deixar de cumprir ou de fazer cumprir exatamente qualquer lei ou regulamento; deixar de cumprir ou de fazer cumprir, logo que seja possível, uma ordem ou requisição legal de outro empregado.
Penas:
Máximo- 9 meses de suspensão do emprego
Médio- 5 meses, idem
Mínimo- 1 mês, idem

O semanário “Futuro”, de Paranaguá (propriedade de Manuel Martins Marinho), politicamente alinhado com os conservadores, publica em 1885 algumas matérias que atribuem a razões políticas a hostilidade do presidente Brasílio Machado em relação a Florêncio José Munhoz. Para confirmar o alinhamento partidário do semanário, veja-se por exemplo a edição de 14 de março de 1885, p.2, na qual defende o Visconde de Nácar de críticas feitas pelos liberais, a quem chama de “canalhocratas”. Além disso, fazia explicitamente oposição ao presidente da província, filiado ao partido Liberal. Na edição de 3 de maio, p. 2, consta a seguinte nota nesse periódico, revelando que o Judiciário deu ganho de causa a Florêncio na questão:

Mais uma decepção!
O Sr. Brasílio Machado acaba de sofrer mais uma triste decepção.
O Tribunal da Relação acaba de confirmar unanimemente a despronúncia do Sr. Florêncio Munhoz no processo que lhe mandou instaurar o presidente da província!
É mais uma lição que S.Exa. recebe, e que deve lançar no seu canhenho!
Eis o acórdão:
Recurso Crime
Nº 643- Curitiba
Recorrente, o Juízo; recorrido, Florêncio José Munhoz. Relator, o Sr. Fleury; revisores, os srs. M. Antonio e Brito. Julgaram improcedente o recurso necessário e sustentaram a não pronúncia do recorrido em processo de responsabilidade; unanimidade.

O “Futuro” abria bastante espaço para a transcrição dos discursos de Manoel Eufrásio Correia na Câmara dos Deputados. Ele e Manoel Alves de Araújo eram os dois deputados pela província do Paraná na 19ª. Legislatura, em 1885 (46), o primeiro eleito pelo partido Conservador e o segundo pelo partido Liberal. No discurso proferido na sessão de 6 de julho de 1885 daquela Câmara, conforme o “Futuro” (47), Eufrásio Correia menciona Florêncio José Munhoz na crítica que faz ao presidente Brasílio Machado, a quem acusa de intervenção indevida no processo eleitoral:

Aproximando-se a eleição, procurou o presidente, por meio de medidas que os que o cercam diziam enérgicas, incutir o desânimo no espírito de meus amigos. Para isso lembrou-se S.Exa. de tomar uma vingança, pequena e infeliz, contra um instinto (sic) (*) empregado da Tesouraria Geral, o honrado escriturário Florêncio José Munhoz, porque, dizia S.Exa., era preciso castigar o funcionário público que em uma reunião particular tinha externado o seu pensamento em relação aos esforços políticos empregados pelo governo para amparar a candidatura que tinha tomado a si (**).
Consta oficialmente a ordem do presidente mandando este escriturário, que tem família, e cuja mulher se achava em estado interessante, de embarcar para a Corte no prazo de 24 horas. Impressionado com ordem semelhante, este digno funcionário dirigiu-se ao nobre presidente do conselho (***) que, amável como é, dirigiu-lhe logo um telegrama ambíguo, dizendo à vítima da prepotência que confiasse na justiça de seu algoz.
O honrado escriturário Florêncio José Munhoz não pôde cumprir a ordem e a conseqüência não se fez esperar: foi logo suspenso e mandado responsabilizar. Era exemplo para que os outros se submetessem.
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(*) Deve ser “distinto”, como aparece em outro trecho do discurso.
(**) A de Alves de Araújo
(***) O presidente do conselho (de ministros) era o senador Manoel Pinto de Souza Dantas, chefe do partido Liberal, cujo filho homônimo foi presidente da província do Paraná em 1879-1880 (v. festa em homenagem a ele, com a participação de Julieta Soares Gomes; o presente artesanal que lhe foi ofertado na ocasião tinha sido feito por D. Rita Adelaide, esposa de Manoel Soares Gomes).

Na seqüência o dep. Eufrásio Correia denuncia outros casos de perseguição política contra eleitores seus. Um deles é o de um militar que foi transferido para o interior, “para remarcar cavalos na colônia de Chopim”. Tais fatos ocorreram “antes da eleição, quando já estava suspenso o empregado da Tesouraria a que me referi”.
A edição de “Futuro” de 27 de julho de 1885, p. 2, prossegue transcrevendo o discurso do dep. Eufrásio Correia na sessão de 6 de julho, em que denuncia as perseguições políticas a funcionários públicos ligados ao partido Conservador na gestão do presidente Brasílio Machado. Eufrásio Correia inclui em seu discurso um abaixo-assinado dirigido ao Imperador por parte de funcionários demitidos (um deles é Antonio Carlos R. de Andrade, ex-colega de Florêncio no Seminário Episcopal de S.Paulo) (*). Também inclui o texto de uma carta ao mesmo destinatário de uma professora pública em Antonina (Leocádia Maria da Rocha Alves). Trata-se de uma representação contra o presidente da província antes citado, que a removeu de Antonina para S.José da Boa Vista, “distante 63 léguas”. A certa altura, essa professora, na carta, afirma:

Em as vésperas da eleição de Dezembro findo apresentou-se em sua casa o atual administrador da Mesa de Rendas desta cidade Theophilo Soares Gomes, sobrinho do 1º vice-presidente da província (**), exigindo em nome deste para que a suplicante fizesse seu cunhado, homem septuagenário e que sempre ocupou cargos públicos nas fileiras do partido conservador a que pertence, votar no candidato do governo, sob pena de ser a suplicante removida para o centro da província

(ela de fato acabou por ser removida para S.José da Boa Vista e é contra isso que apela à Sua Majestade Imperial).
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(*) O “Futuro” de 12 de setembro de 1885, p. 2, informa que esses funcionários foram reintegrados em seus lugares na Secretaria do Governo. Observando-se a data do jornal, verifica-se que ela é posterior a 21 de agosto do mesmo ano, quando Brasílio Machado deixou a presidência. A reintegração ocorre então no período em que o vice-presidente Comendador Antonio Alves de Araújo, um liberal mas da terra, exerce a presidência interinamente.
(**) O Com. Antonio Alves de Araújo (1830-1887) era, na realidade, tio da 1ª. esposa de Theophilo Soares Gomes, D. Maria Rosa Araújo Cumplido. Segundo David Carneiro (48), o Com. Araújo nasceu em Morretes, filho do “abastado negociante” Hipólito José Alves. Foi possuidor da “maior fortuna do Paraná” em certa época, deputado à Assembléia Provincial por 4 biênios, não seqüenciais, e vice-presidente da província por duas vezes. Estudou na Corte (Colégio Freitas). Viajou pela Europa, Palestina e Egito. Era irmão do Conselheiro Manoel Alves de Araújo e cunhado do industrial e exportador de erva-mate Fanor Cumplido. Sua irmã era esposa do Conselheiro Jesuíno Marcondes.

O “Futuro” de 26 de setembro de 1885, p. 3-4, transcreve outro discurso pronunciado por Eufrásio Correia na Câmara dos Deputados. A certa altura, referindo-se à gestão do presidente Brasílio Machado, diz ao outro deputado pelo Paraná, Manoel Alves de Araújo, do partido Liberal:

O nobre deputado sabe o que se praticou contra todos aqueles funcionários que não votaram no candidato do governo, dos recursos violentos e da ameaça, de que lançaram mão, para impedir que o candidato conservador transpusesse as mulharas (sic) (em vez de “muralhas”- DVE) que lhe foram opostas e viesse tomar assento nesta casa.

Mais adiante, o deputado Eufrásio Correia afirma:

Ainda Sr. Presidente, V.Exa. permita que eu responda a um argumento apresentado pelo nobre deputado pelo Paraná, quando se referiu à Tesouraria de Fazenda daquela província. S.Exa. declarou que essa repartição foi o centro de cabala do partido conservador, na última eleição. Creio que a Câmara não perderia a lembrança do que foi na província o Sr. Dr. Brasílio Machado e dos esforços que empregou, não só para vencer a eleição como para arredar de si todos os empregados que foram contrários aos seus intuitos.

Em seguida Eufrásio Correia lê um ofício do Dr. Brasílio Machado dirigido ao “Ilmo. Sr. Tenente Alfredo Caetano Munhoz, inspetor da Tesouraria de Fazenda”, datado de 20 de agosto de 1885, em que consta o seguinte:

Ao deixar a administração significo a V.S. meus agradecimentos pela lealdade e zelo com que coadjuvou-me no desempenho do referido cargo. Queira aceitar minhas despedidas e transmiti-las a seus companheiros.
De V.S. atencioso criado e venerador
Dr. Brasílio Machado.

Eufrásio Correia diz que lê esse documento para mostrar ao dep. Alves de Araújo como “o chefe dessa repartição e seus dignos companheiros de trabalho portaram-se sempre com toda a dignidade e que, se votaram no lado oposto ao governo, foi apenas para demonstrar a firmeza de seus princípios políticos”.

1885- O DD publica matéria assinada pelo presidente do Club Abolicionista Paranaense, Castro Lavor, contendo relação de senhoras e cavalheiros encarregados de angariar prendas para a quermesse a ser realizada nos dias 15, 22 e 25 de março desse ano. Dentre eles figuram D. Elvira Costa, Júlia Godoy, Rosa Fonseca, Graça Fonseca etc (49).

-Florêncio José Munhoz é um dos 12 mesários eleitos para a administração da Irmandade do SS. Sacramento de Curitiba. Os demais mesários são: Dr. Agostinho Ermelino de Leão, Dr. Joaquim de Almeida Faria Sobrinho, Arthur Martins Lopes, Maurílio Moreira do Magalhães Sampaio, João Luis Pereira, Wenceslau Jerônimo da Cunha Alcântara, João Lostosa de Andrade, João de Deus Ferraz, José Moreira de Freitas, Antônio Ennes Bandeira e Antônio Carlos Ribeiro de Andrade. O Tesoureiro eleito é José Fernandes Loureiro, o escrivão, Bernardino de Freitas Saldanha e o Procurador, Augusto Corrêa Pinto (50). Também é publicada no DD nota assinada em 13 de março de 1885 pelo vigário “presidente da mesa” da Irmandade do SS. Sacramento, padre José Joaquim do Prado, em que ele convida “os Srs. Irmãos ultimamente eleitos a comparecerem na igreja matriz a fim de tomarem posse dos seus respectivos cargos” (51).

-O DD de 11 de abril de 1885, p. 4, publica uma nota, assinada por Florêncio Munhoz, em que ele convida “amigos e parentes do finado padre Júlio Ribeiro de Campos” para assistirem uma missa que seria celebrada no dia 13 pelo padre João Evangelista Braga. O padre Júlio era o “vigário geral forâneo” da província do Paraná (52). Do discurso do padre Braga pronunciado na ocasião, conforme o DD (53), ficamos sabendo que ele, ao falecer, contava apenas 35 anos e era filho do português Aurélio Joaquim Ribeiro de Campos e de D. Ifigênia Maria de Bittencourt, esta filha do coronel Manoel José da Cunha Bittencourt (cujo engenho de erva-mate, como vimos, era vizinho ao engenho da Glória, do pai de Florêncio). Em junho de 1867 matriculou-se no Seminário Episcopal de São Paulo, sendo reitor então o frei Eugênio de Rumilly, e um de seus professores, frei Generoso de Rumilly (para esse mesmo Seminário Florêncio iria, anos depois). Ordenou-se sacerdote em 1873, passando a lecionar na instituição. Em 1876, devido à sua enfermidade (que o padre Braga não nos informa qual era), retornou à província do Paraná, atuando primeiro como vigário em Paranaguá e depois em Curitiba, como “vigário geral forâneo”. Antes desse discurso, o jornal publica uma matéria intitulada “Necrologia” em que são descritos os últimos momentos de vida do padre Júlio Ribeiro de Campos, e que cita Florêncio nesta passagem:
Entre os parentes que o assistiam, como seus desolados irmãos capitão Aurélio, D. Messias e seus cunhados José Fernandes Loureiro e Hermógenes, estavam quase sempre os revds. del Gaudio e José do Prado, Dr. Camargo, Florêncio Munhoz etc. (54)

O padre Prado, já referido anteriormente, era o vigário da igreja matriz e o padre Pedro del Gaudio, capelão do exército.

Mais adiante, consta na matéria:

No dia 8 pelas 4 horas da tarde desciam incorporados da matriz para a casa do finado o clero, as irmandades da Misericórdia, do Santíssimo Sacramento e de S. Benedito, quase todas as pessoas mais gradas da cidade e grande número de povo.
Feita a encomendação em casa, dirigiu-se o séquito fúnebre para a igreja matriz /.../
Finda a encomendação solene, cantada pela música e pelo clero, oficiando o rev. padre Prado, vigário da paróquia /.../ o rev. padre João Evangelista Braga recitou um pequeno discurso fúnebre /.../
Da matriz o caixão foi levado ao cemitério.

A iniciativa de Florêncio de mandar rezar uma missa pelo falecido e a menção feita a ele, no necrológio comentado acima, mostram que uma sólida amizade devia uni-lo ao padre Júlio Ribeiro de Campos, revelando também o caráter religioso de meu bisavô (Florêncio mandaria ainda rezar missa de 30º dia pelo padre Júlio (55), e também de 1 ano de seu falecimento, no dia 7 de abril de 1886, na igreja matriz (56).

-Consta esta nota no DD de 16 de maio de 1885, p. 3:
“Seguiu ant’ontem para o litoral o Sr. Florêncio Munhoz. Deseja-lhe feliz viagem e breve regresso o Gago”
(a “Estrada de Ferro do Paraná” havia sido inaugurada oficialmente há pouco, em 1º de fevereiro de 1885, conforme o jornal) (57).
1886- No DD de 21 de abril desse ano, p. 3, sob o título “Irmandade do SS. Sacramento”, consta “Relação dos irmãos do SS. Sacramento que têm de fazer a guarda do Senhor na quinta-feira santa desde o meio-dia até ao meio-dia de sexta-feira da Paixão”. Seguem-se pares de nomes a cada duas horas desse período de tempo especificado. Florêncio é citado junto com seu ex-colega do Seminário de S. Paulo:
Quinta-feira
Das 12 às 2 horas da manhã
Florencio José Munhós
Antonio Carlos Ribeiro d’Andrade
Alfredo Caetano Munhoz, irmão de Florêncio, e Manoel de Souza Dias Negrão, cunhado, fariam a guarda do Senhor na sexta-feira, das 2 às 4 horas da manhã. Outros nomes que constam da Relação: Dr. Agostinho Ermelino de Leão, Dr. Joaquim de Almeida Faria Sobrinho, Dr. Generoso Marques dos Santos, tenente-coronel Benedito E. de Paula.
Por outro lado, o DD do dia 28 de abril, p. 2, publica relação dos irmãos sorteados para provedores da festa da Semana Santa do ano seguinte, 1887, e dos que integrarão a mesa e a diretoria da irmandade nesse ano. São listados os 12 provedores (o primeiro dos quais é o comendador Ildefonso Pereira Correia, que em 1888 receberia o título de Barão do Serro Azul (58)), 1 tesoureiro, 1 escrivão, 1 procurador e 12 mesários (cujo primeiro nome arrolado é o do Dr. Agostinho Ermelino de Leão). Mariano de Almeida Torres e Cyro Velloso, encarregado da Agência Geral das Loterias do Paraná, também eram “irmãos” dessa entidade (59).
-Note-se a importância da cultura francesa para a Curitiba de então. O DD (60) informa aos seus leitores a programação da Festa de 14 de Julho a ser realizada no teatro S. Theodoro. Abrangerá concerto, dirigido pelo maestro Bento Menezes, a execução de peças para piano e violino, com canto (participação de damas da sociedade local, uma das quais é D. Carolina Tamplin—v. adiante), além de baile. O jornal, dias depois, comenta essa festa e afirma que Mariano de Lima foi o autor da “esplêndida vista da Bastilha que se via no fundo do salão” (61).

1887- 4 de fevereiro, aniversário de Alfredo Caetano Munhoz, dirigente da Tesouraria de Fazenda do Paraná. Florêncio continua funcionário dessa Tesouraria em Curitiba, como mostra a citação de seu nome numa carta dos funcionários de Alfredo em que o cumprimentam pelo aniversário, conforme relato contido no livro de Alcides Munhoz (62), o qual informa ainda que Alfredo se aposentaria em agosto de 1889.

-O DD de 22 de abril de 1887- p.4 publica na coluna “Ineditorial” a seguinte mensagem:

AO ANIVERSÁRIO DA MINHA ESTIMADA SOBRINHA SINHACA (FRANCISCA MUNHOZ)

Deus, que te iluminou o espírito, foi por certo para o bem:
Tens feito tanto!...
Teus Pais, teus parentes, teus amigos, todos te devotam tanta estima!...
É que teu bom coração e inteligência, a par de natural modéstia, tem feito jus a essa consideração de que gozas e de que és merecedora...
Portanto, minhas felicitações a ti e a teus Pais: eis os votos que faz
F.M.

Curitiba, 22 de abril de 1887

(FM= poderia ser Florêncio Munhoz ou Francisca Munhoz Vianna, ambos tios de Francisca. Mas acredito que seja Florêncio, pois ele já fizera publicar no DD outras notas antes; além disso Francisca, sendo casada, assinaria FMV, incluindo a inicial do sobrenome do marido)

1888- O nome de FJM consta num abaixo-assinado (uma longa lista de nomes, publicada em duas edições do DD) (63) em defesa da professora Miss Tamplim (sic). Sua introdução é a seguinte:

Os abaixo-assinados residentes em Curitiba, indignados com a publicação em ineditorial inserto na “Gazeta” (i.e. “Gazeta Paranaense”) de 2 do corrente sob a epígrafe acima (“Miss Tamplim”) vem significar o alto apreço e consideração em que é tida nesta capital a mesma virtuosa senhora.

Assinam o documento, além de FJM, Augusta Negrão, Manoel José Dias Negrão, Narcisa Munhoz, Carlos Cavalcanti de Albuquerque, Antonio Mariano de Lima, Augusto Stellfeld, Generoso Marques dos Santos, comendador Antônio Ricardo dos Santos (vice-presidente da província), dentre outros. A nota da “Gazeta Paranaense”, publicada em 2 de agosto (64), sob o título “Miss Templin”, é assim:

Miss Templin
Segundo se diz, muda-se muito breve, desta para a capital de S.Paulo a Sra. Templin.
Parabéns às famílias curitibanas.

Na edição do dia seguinte dessa mesma Gazeta, o filho dela assina esta nota, corrigindo o nome e o tratamento dado à mãe, mandando identificar-se o autor da “infâmia”:

Mrs. Tamplin e não Miss Templin
Só alguma família que de certo quis em lições, poderia atrever-se a tal infâmia, e o autor se for capaz que assine o seu nome.
O filho de Mrs. Tamplin,
Alberto Tamplin

(Constatei em minha pesquisa que era comum os jornais de então, e também de épocas anteriores, publicarem essas notas mesquinhas, relacionadas às pequenas intrigas provincianas, anônimas ou assinadas com pseudônimo, às quais podiam ser contestadas pela parte ofendida, prolongando-se a troca de mensagens por várias semanas).
Segundo o “Dicionário Histórico-Biográfico do Estado do Paraná” (65), Caroline Tamplin veio para o Brasil em 1871 com sua família de imigrantes ingleses, dirigindo-se para a Colônia Assungui, no Paraná. Com o fracasso desse projeto de colonização e a morte do marido, transferiu-se posteriormente para Curitiba, com a família, onde passou a dar aulas de inglês e desenho. Deixou uma obra artística pouco numerosa, mas de “bom desenho e delicado colorido”. O DD de 22 de setembro de 1888, p.2, publica nota em que Carolina Tamplin agradece “do íntimo de seu coração” a manifestação de apreço assinada por pessoas residentes em Curitiba publicada nos jornais “Dezenove de Dezembro” e “República”.

-O DD de 12 de setembro de 1888- p.2 inicia a publicação de uma longa relação de nomes, na qual se inclui o de FJM, e também os do major Mathias Taborda Ribas, Alfredo Caetano Munhoz e major Manoel de Souza Dias Negrão, os quais desejam “dar um público testemunho de consideração, afeição e amizade” ao vigário da paróquia de N. Sra. da Luz de Curitiba, padre José Joaquim do Prado, que está deixando de exercer tal função (ele foi vigário ali por 6 anos (66)). No DD de 14 de setembro do mesmo ano, p.2, também consta o nome de Fidêncio Antonio Munhoz.

-FJM é citado no verbete “Vila Velha” do “Dicionário Histórico e Geográfico do Paraná” de Ermelino de Leão (67). O autor transcreve aí um texto do professor Nivaldo Braga, de 1888, em que descreve o local, com base nas impressões de uma visita que ele e outras pessoas fizeram a essa Vila, referindo-se às suas diversas “ruas” e “praças”, às quais atribuíram nomes de personalidades ligadas à nossa terra como os de Zacarias de Góes e Vasconcelos, Cruz Machado, Barão do Cerro Azul, Visconde de Nácar, Generoso Marques, Sebastião Paraná etc. Na “rua Senador Taunay” afirma haver “uma série de rochas altíssimas e isoladas”. A uma delas, eles denominaram “do Florêncio Munhoz”... (Nivaldo Braga era irmão do padre João Evangelista Braga, referido acima)

1889- O DD de 22 de junho desse ano, p. 2, arrola 8 nomes de doadores de livros para a biblioteca do Club Curitibano, no período “de 1 a 20 do corrente”. Um deles é FJM, que doou 18 volumes.

1890- Em 26 de agosto desse ano Florêncio é transferido de Curitiba para Paranaguá, pois no Diário Oficial da União dessa data (p.9, seção 1), consta, dentre outros registros sob o título “Ministério da Fazenda”, que FJM foi nomeado 2º escriturário da Alfândega de Paranaguá, ele que era 2º escriturário da Tesouraria de Fazenda sediado em Curitiba.

-FJM é citado num artigo de Francisco Negrão (68) como um dos onze escriturários que atuavam na Alfândega de Paranaguá em 1890, sob a chefia do Inspetor David Antônio Carneiro. Segundo o mesmo autor, também escriturário nessa época, Caetano Alberto Munhoz (outro irmão de FJM) foi nomeado Inspetor da Alfândega de Paranaguá em 1º de julho de 1890, tendo assumido o exercício do cargo em 20 de abril de 1891 e deixando-o em 11 de setembro do mesmo ano

1891- O jornal “Diario do Commercio”, de Curitiba, edição de 12 de março desse ano, publicou o seguinte anúncio:

Florêncio José Munhós manda celebrar uma missa por alma de seu amigo e padrinho padre Carlos Maria Terrier, falecido no Rio de Janeiro.
Antonina, 11 de março de 1891.

Pesquisando na internet (69), verifiquei que Carlos Maria Terrier era um capuchinho francês que veio para o Brasil a fim de integrar o Seminário Episcopal de São Paulo. Os capuchinhos franceses foram os fundadores e primeiros mestres daquele Seminário, de 1854 a 1878, quando então o Seminário passou para padres seculares (Florêncio assim participou dessa primeira fase do Seminário). A igreja de São Cristóvão situada na avenida Tiradentes nº 84 no bairro da Luz, região central de São Paulo, fazia parte do Seminário Episcopal. O Seminário abandonou o prédio em 1927.
No Seminário Episcopal de S. Paulo estudaram figuras importantes da história paranaense tais como o monsenhor Manoel Vicente (1851-1909), que depois passou a lecionar lá e chegou a ser seu Vice-Reitor, D. Alberto José Gonçalves (1859-1945), que ali entrou como aluno em 1874 e tornou-se mais tarde, de 1878 a 1888, professor e secretário do estabelecimento (depois deputado e senador pelo Paraná), o médico humanitário Dr. Leocádio José Correia (1848-1886), o monsenhor Celso Itiberê da Cunha (1849-1930), dentre outros. Florêncio foi contemporâneo de D. Alberto Gonçalves, conforme deduzimos acima pela notícia de sua chegada a Curitiba em 1877.

1894- Florêncio é demitido da Alfândega de Paranaguá, por formar ao lado dos opositores a Floriano Peixoto durante a Revolução Federalista/Revolta da Armada. Residindo desde 1890 naquela cidade, certamente foi influenciado pelo círculo social que ali freqüentava, e também pela família Soares Gomes (lembremo-nos que Theophilo Soares Gomes, aclamado governador-provisório do Paraná quando da entrada das forças do almirante Custódio José de Melo em Paranaguá, era meio-irmão de sua esposa Julieta).

-Consta no Diário Oficial da União de 12 de agosto de 1894 (p.2, seção 1), sob o título “Ministério da Fazenda”, o seguinte (FJM já era então 1º escriturário):

Por decretos de 11 do corrente, foram demitidos, a bem do serviço publico e por serem traidores à República, os seguintes empregados da Alfândega de Paranaguá, estado do Paraná:
Os 1º escriturários Florêncio José Munhoz e João Antônio de Castro;
Os 2° ditos Victor Alves Branco e Pedro do Freitas Saldanha;
O tesoureiro Joaquim Caetano de Souza.


1895- Ainda está residindo em Paranaguá, conforme se infere da inscrição no verso da fotografia que consta no Álbum deixado por sua filha Arabela (“Paranaguá, 28 de abril de 1895”)

1896- Florêncio continuava excluído da Alfândega de Paranaguá, como se deduz do registro transcrito abaixo e que consta no “expediente do Sr. Ministro da Fazenda” relativo ao dia 20 de junho, publicado no Diário Oficial da União de 26 de junho de 1896 (p.2, seção 1):

À Delegacia Fiscal de Curitiba,
remetendo os requerimentos dos ex-empregados de fazenda Francisco de Paula Ribeiro Vianna (*), João Regis Pereira da Costa, Elysio de Siqueira Pereira Alves, Joaquim Praxedes Gonçalves de Menezes, Victor Alves Branco, Florêncio José Munhoz, Philinto Ribeiro Braga, Wenceslao Jeronymo da Cunha Alcantara e Manoel Ramos, do ex-gerente da caixa econômica José Gonçalves de Moraes e do ex-porteiro do Hospital Militar Pedro José de Queiroz, que pretendem continuar a contribuir para o montepio obrigatório, visto ser da alçada do delegado resolver a tal respeito, exceto quanto ao último, sobre que deve informar ao Ministério dos Negócios da Guerra, a quem compete atender a pretensão.

-------------------------------------
(*) Cunhado de FJM, marido de sua irmã Francisca Munhoz Vianna

...- Reintegração de Florêncio ao quadro de pessoal da Alfândega de Paranaguá na condição de 1º escriturário

1900- No “Almanaque Paranaense para 1900” (p. 146) consta o nome de Florêncio José Munhoz como um dos “empregados federais” da Alfândega de Paranaguá- cargo: 1º Escriturário. Uma foto do pessoal da Alfândega de Paranaguá em 1900 consta da revista mensal “O Itiberê” de 1927 (dezembro?), editada nessa cidade (pertence ao acervo da Biblioteca Pública do Paraná). Trata-se de uma edição especial da revista, comemorativa do centenário da instalação da Alfândega de Paranaguá (1827-1927). Na foto aparecem o inspetor Raimundo dos Reis Lisboa, escriturários da administração e empregados das capatazias, no pátio interno do velho edifício da Alfândega (convento dos Jesuítas)

-Em 3 de junho de 1900, FJM e outros “irmãos” assinam a Ata relativa à inauguração do novo edifício do Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Paranaguá, localizado “no Campo Grande, atual praça Pires Pardinho” (70). Por aí se vê que FJM também pertencia à Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Paranaguá, da qual fora “mordomo dos presos” seu avô homônimo.

...Transferência de FJM para Alagoas, onde exerceu as funções de guarda-mor da Alfândega de Maceió

1905- Em 31 de maio desse ano é transferido de Maceió para Santos, sendo nomeado ajudante do guarda-mor da Alfândega desta cidade, conforme o Diário Oficial da União de 31.05.1905 (p.2, seção 1), onde consta o seguinte, sob o título “Ministério da Fazenda”:
Por decretos de 27 do corrente, foram nomeados, a pedido:
o guarda-mor da Alfândega. de Maceió Florêncio José Munhoz para o lugar de ajudante do guarda-mor da Alfândega de Santos;
o ajudante do guarda-mor desta última alfândega Godofredo Leal Filgueiras para o lugar de guarda-mor da de Maceió
-Segundo Francisco Negrão, “Florêncio José Munhoz foi guarda-mor da alfândega de Paranaguá, Alagoas e mais tarde de Santos, onde faleceu” (71). Segundo o dicionário Aurélio, “guarda-mor” era o representante do fisco a bordo dos navios. O dicionário Houaiss, além dessa acepção, menciona esta outra: “título oficial do chefe da alfândega nos portos”.

1909- Falece a 13 de novembro desse ano, às 21h 30m, em Santos-SP, na rua do Rosário, 243, conforme registro do óbito existente no Oficial do Registro Civil das Pessoas Naturais- 1º Subdistrito de Santos (72) O registro informa ainda que ele contava então 52 anos de idade e era “viúvo” (sic)

(Meu pai, Herbert Munhoz van Erven, já havia me transmitido oralmente a informação de que Florêncio faleceu em 1909 e de que foi seminarista em São Paulo)

-O jornal “A República” de Curitiba (fundado em 1886, propriedade de Antonio Leopoldo dos Santos & Cia e redigido por Romário Martins), edição de 17 de novembro de 1909, p. 1, publica uma nota lamentando o falecimento de Florêncio Munhoz, ocorrido em Santos, onde ele “exerceu o lugar de Guarda-Mor da Alfândega”. A nota afirma ainda:

Antigo funcionário de fazenda, competente e prestante, o extinto pertencia a ilustre família paranaense, e gozava pelas suas qualidades pessoais, de geral estima entre os seus conterrâneos e na sociedade santista.

Na p. 2 dessa mesma edição do jornal constam dois convites para missa pela alma de Florêncio José Munhoz. No primeiro quem convida é Jordão Mäder, Maria Munhoz Mäder e seus filhos (Maria era meia-irmã de Florêncio, filha do 2º casamento de seu pai); a missa seria realizada na catedral de Curitiba e celebrada pelo monsenhor Celso Itiberê da Cunha. O segundo convite é para uma missa a ser realizada na matriz de Paranaguá. Quem convida são as seguintes pessoas: Maria L. Munhoz Carneiro, Dr. Caetano Munhoz da Rocha, Ildefonso Munhoz da Rocha, Humberto Munhoz da Rocha, Manoel Martins da Rocha e suas famílias (Maria Leocádia era a irmã mais nova de Florêncio; ela se casou duas vezes, a primeira com o Cel. Bento Munhoz da Rocha e a segunda com o Cel. Manoel Bonifácio Carneiro; por outro lado, Manoel Martins da Rocha era primo e cunhado de Florêncio, casado com sua irmã Carolina).
Sobre a relação entre Julieta e Florêncio, ver meu texto, postado no mês de junho/2010, em http://dvetextos.blogspot.com/

NOTAS

(1) cf “Memorial de Família- Benedicto de Assis Corrêa”, 1995, p. 170, cujas informações se baseiam no livro 24, fls. 53 da Catedral Metropolitana de Curitiba.
(2) DD de 4.12.1872- p.2. O “Dezenove de Dezembro” foi o primeiro jornal do Paraná, fundado em 1854.
(3) DD de 19.05.1880- p.3
(4) No DD de 19.05.1880- p.4 consta edital da Tesouraria de Fazenda assinado pelo inspetor Alfredo Caetano Munhoz.
(5) DD de 2.03.1881- p.3 e DD de 13.04.1881- p. 2
(6) DD de 12.03.1881, p. 2
(7) DD de 28.09.1881- p.2
(8) DD de 2.03.1881-p. 4
(9) DD de 28.06.1881- p. 2
(10) DD de 5.10.1881-p. 2
(11) DD de 5.11.1881- p.4
(12) DD de 12.11.1881- p.3
(13) DD de 12.11.1881- p.3 e DD de 14.12.1881- p.3
(14) DD de 28.06.1881- p. 1
(15) DD de 18.06.1881- p. 3
(16) DD de 6.07.1881- p. 4; DD de 9.07.1881- p. 4; DD de 27.07.1881- p. 4
(17) DD de 3.08.1881- p. 2
(18) DD de 10.08.1881- p. 4
(19) DD de 13.08.1881- p. 2. O Salão Lindmann foi denominado mais tarde Salão Tivoli e depois Salão Strobel. Este e outros “salões públicos” surgiram em Curitiba por influência dos imigrantes europeus (cf. “Dicionário Histórico- Biográfico do Estado do Paraná”. Curitiba: Chain: Banco do Estado do Paraná, 1991- p. 490 e 82)
(20) DD de 1.11.1882- p. 4
(21) DD de 25.02.1882- p. 3
(22) DD de 11.03.1882- p. 2
(23) DD de 4.03.1882- p.3
(24) DD de 7.06.1882- p. 4; DD de 21.09.1884- p. 3; DD de 19.06.1885- p. 3; DD de 8.02.1887- p. 3; DD de 16.07.1887- p. 3; DD de 20.08.1887- p. 2; DD de 21.12.1887-p.3; DD de 21.03.1888- p. 3; DD de 23.02.1889- p.2; DD de 9.03.1889- p.3; DD de 30.03.1889- p.2; DD de 10.04.1889- p.3; DD de 19.06.1889- p.3; DD de 22.06.1889- p.3; DD de 26.06.1889- p.2
(25) DD de 23.09.1882- p. 4
(26) DD de 17.01.1883- p. 4
(27) DD de 12.08.1885- p.2; v. também DD de 16.01.1885- p.3
(28) DD de 5.02.1886- p.3
(29) DD de 18.05.1887- p.3
(30) DD de 23.01.1889- p. 2
(31) DD de 10.04.1884- p. 4
(32) DD de 9.06.1883- p.3; DD de 7.07.1883- p. 2 e DD de 8.08.1883- p.2
(33) DD de 1.08.1883- p. 4
(34) DD de 10.10.1883- p. 3
(35) DD de 1.12.1883- p.2
(36)Negrão, Francisco—“Genealogia Paranaense”. Curitiba: Impressora Paranaense, 1926- v. 1, p. 239
(37) DD de 27.06.1884, p. 2-3
(38) DD de 8.07.1884- p. 4
(39) DD de 17.07.1884- p.3 e DD de 18.07.1884- p. 4
(40) DD de 17.07.1884- p. 3
(41) DD de 3.08.1884- p. 3
(42) DD de 13.08.1884- p. 3
(43) DD de 5.12.1884- p. 1; nota no DD de 22.11.1884- p. 2 já informa essa decisão do presidente, antes dela constar no Expediente da Presidência
(44) DD de 30.12.1884- p. 1
(45) “Código Criminal do Império do Brasil”. Anotado pelo juiz de direito Antonio Luiz Ferreira Tinoco. Rio de Janeiro: Imprensa Industrial, 1886
(46) Nicolas, Maria-- “O Paraná na Câmara dos Deputados”, Curitiba, 1977, p.35
(47) “Futuro” de 19.07.1885- p.1-3
(48) “História do Período Provincial do Paraná”. Curitiba: Banestado, 1994, p.327-341
(49) DD de 8.02.1885- p.3-4
(50) DD de 10.03.1885- p. 3
(51) DD de 14.03.1885- p.4
(52) DD de 9.04.1885-p.2
(53) DD de 12.04.1885- p.1-3
(54) DD de 12.04.1885- p.1-3
(55) DD de 5.05.1885- p.4
(56) DD de 4.04.1886- p.2
(57) DD de 4.02.1885- p. 1
(58) “Dicionário Histórico- Biográfico do Estado do Paraná”, op cit, p. 101
(59) DD de 12.05.1886-p.3
(60) DD de 13.07.1886- p. 3
(61) DD de 17.07.1886- p. 2
(62) Munhoz, Alcides-- “Folhas Cadentes”. Curityba: Irmãos Guimarães & Cia, 1925- p. 40 e 49
(63) DD de 20.08.1888- p.2 e DD de 21.08.1888- p.2
(64) “Gazeta Paranaense” de 2.08.1888- p.3 (também disponível, como o DD, no acervo microfilmado da Divisão de Documentação Paranaense da Biblioteca Pública do Paraná, onde o consultei).
(65) “Dicionário Histórico-Biográfico do Estado do Paraná”, op cit, p.509
(66) DD de 4.09.1888- p.3
(67) Leão, Ermelino de-- “Dicionário Histórico e Geográfico do Paraná”. Curitiba: Instituto Histórico, Geográfico e Etnográfico Paranaense, 1994- v. VI, p. 2512
(68) O artigo “A Alfândega de Paranaguá- O velho convento dos Jesuítas”, de Francisco Negrão, está contido na revista “O Itiberê”, de Paraná, 1927- edição comemorativa do centenário da Alfândega de Paranaguá.
(69) Web sites consultados:
www.sbn-net.com.br/2_canais/persona/textr_e_list/freigermano.htm
www.partes.com.br/igrejas10.html
www.prodam.sp.gov.br/dph/serviços/rotcrist.htm#
(70)“Santa Casa de Misericórdia de Paranaguá (1835-1935)- Poliantéa Comemorativa da Fundação e do 1º Centenário, em 8 de Dezembro de 1935”, p. 7
(71) Negrão, Francisco-- “Genealogia Paranaense”, Curitiba, Impressora Paranaense, 1926- v. 1, p. 252. O site http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0217c.htm contém informações históricas e fotos do prédio onde funcionou a Alfândega de Santos na época em que Florêncio ali trabalhou.
(72) O Oficial do Registro Civil das Pessoas Naturais- 1º Subdistrito- localiza-se em Santos-SP na rua Amador Bueno, 203.